As Missões de ESMABAMA (“ES” vem de Estaquinha, “MA” de Machanga, “BA” de Barada e “MA” de Mangunde) foram missões construídas pelos missionários portugueses na província de Sofala (província a que também pertence a cidade da Beira). Com o término do regime salazarista a igreja perdeu poder e o suporte por parte dos missionários portugueses nestas missões em Moçambique também teve o seu fim. Veio a independência e a guerra civil e as missões ficaram sem que ninguém lhes indicasse rumo…
Chegado o ano de 1990, ainda em plena guerra, foi lançado ao Padre O., missionário Comboniano, o desafio de revitalizar todas estas missões. Mesmo em plena guerra teve a coragem de vir para Moçambique e abraçar este projecto apaixonante com uma caminhada também muito íngreme de muitas batalhas.
Durante estes 22 anos tem feito um trabalho muito louvável, sempre com a colaboração dos irmãos Lassalistas e outros missionários combonianos, entre outras entidades.
Foi dele que apanhámos boleia para conhecer a missão mais longínqua, Machanga, ouvindo histórias que nos fascinaram durante os mais de 600 km que percorremos no domingo.
Até Machanga fizemos cerca de 440 km, alguma da estrada em bom estado mas tanta outra com “buracos-cratera”, estradas estas que são muito concorridas com os grandes camiões de mercadorias (não poucas vezes se vê um camionista a tentar resolver um problema de avaria), e ainda um troço de 60km de terra batida em versão todo o terreno. Todas estas questões tornam as viagens muito mais longas e cansativas, mas são viagens que valem muito a pena!
Em Machanga pudémos começar por conhecer a organização geral das missões: são constituídas por um internato feminino e outro masculino, o edifício geral da escola (que é o mesmo da escola agrária, semelhante a uma escola profissional) e um centro de saúde (neste caso localizava-se fora da missão, apenas alguns metros mais à frente).
Apesar da passagem fortuita de pouco mais de duas horas, muitas coisas marcam seja pela tenacidade com que se debatem as pessoas dedicadas à missão, seja pela força de vontade que as crianças e jovens têm de ter para percorrerem quilómetros para poderem estudar ou por partilharem o seu espaço e comida com tanta gente que tal como eles podem sonhar com uma vida melhor…
Dissemos adeus a Machanga e estávamos de novo de volta à estrada. Percorremos para cima de 200km, pelo caminho algumas aventuras e uma paisagem de encher o olhar… corujas de braços longos que se elevavam pela passagem do carro no “seu caminho”, o céu estrelado sem igual, o céu que se coloria com o relampejar de alguns relâmpagos…
Bem de noite apenas dissemos olá a Mangunde, missão onde acordaríamos nos dias seguintes… (estes são relatos para os próximos posts)
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