sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Uma semana pela educação em Estaquinha e Barada

Foi, mais uma vez, um enorme privilégio poder viajar até às missões de ESMABAMA. Faltava-nos conhecer Estaquinha e Barada, estávamos ainda mais motivadas do que da última vez, pois esta não era uma viagem apenas para conhecer, mas com a expectativa de darmos também o nosso contributo.
Saímos da Manga no sábado e a “pouco pouco” fomos deixando de ver tanta gente, os carros diminuíram, depois deixamos de cruzar na totalidade estradas alcatroadas… Em tempos diziam-me que nos devemos deixar envolver pelas viagens, que elas são uma preparação para o que nos espera. Foi isso que senti na travessia de batelão do Buzi: que nos aproximamos de uma riqueza no coração de Moçambique.
E se formos atentos as viagens têm mesmo muito para nos contar porque não mudam só as paisagens, mudam os modos de vida, mudam os dialectos, mudam as distâncias que são maiores para qualquer lugar que se possa imaginar, aumentam as dificuldades, a lei da sobrevivência impera!
Por isso admiramos tanto o trabalho que tem sido conquistado pelo Padre Ottorino. Em termos cabais é mesmo impossível descrever o contributo de uma vida inteira dedicada a estas populações, que de outra forma não poderiam ter acesso à educação da 1ª à 12ª classe, a um centro de saúde, maternidade, escola agrária e internatos onde ficam muitos dos alunos mais crescidos que assim acabam por compensar as distâncias incalculáveis.



ESTAQUINHA
Há situações que parecem ser fora da vida real e dificuldades imensas pelas quais passam as populações que muitos achariam difícil de acreditar. Mais uma vez gostávamos de poder trazer até cá todos quantos conhecemos porque às vezes até as fotografias parecem mínimas para mostrar quanto se vive aqui: quando crianças com 6 anos, e de estômago vazio, percorrem todos os dias um caminho de mais de duas horas para poderem estudar todos os dias, é mesmo real; quando uma família inteira e enorme vive numa cubata sem qualquer divisão, é mesmo real; sinto na pele as imensas carências da população com as minhas sapatilhas já rotas a serem cobiçadas por quem nem chinelos tem e caminha, caminha, caminha, caminha descalço…

O trabalho…
Em dois momentos distintos partilhámos com as turmas da 10ª e da 12ª classe “Métodos de estudo” e técnicas para a preparação destes alunos para os exames no refeitório masculino do internato.
Os alunos mostraram-se bastante recetivos e aproveitaram o momento, contrapondo com a sua vivência quotidiana de estudantes e tendo em conta os desafios que encontram.

Com os professores vivenciámos um momento de enorme riqueza que foi o debate que foi gerado ao longo do encontro que dirigimos sobre o papel do professor enquanto vocação e enquanto educador. Foi muito bom contar com uma audiência muito participativa pronta a expor as suas preocupações e os desafios do dia-a-dia sem rodeios e sem meias palavras.




BARADA
Ao meio do dia de quarta-feira, à chegada, fomos logo conquistadas pela paisagem de coqueiros a perder de vista que tornam Barada uma missão tão bonita.
O verde, a proximidade com o mar e com animais mais difíceis de avistar, como macacos que insistem em fazer incursões à horta, parecem transportar-nos para um lugar longe de tudo, uma ilha de esperança para todos quantos nela contribuem, estudam ou se deslocam para receber um tratamento.

Aqui o nosso contributo, devido à passagem mais rápida, foi com os alunos da 10ª e da 12ª classe num espaço, à partida, um pouco invulgar: a capela da missão. Nela reunimos com as 7 turmas da 10ª classe e as 4 da 12ª classe e “evangelizamos” o conceito de estudar, esclarecemos algumas dúvidas, abrimos um espaço de apoio e reflexão por melhores resultados no sucesso escolar.
Mais uma vez foi bom contar com a partilha dos alunos que acolhem estes momentos muito bem.






De volta à Manga já sentimos saudades das missões e das pessoas que fazem as missões. São lugares onde se batalha ainda mais de sol a sol mas com o trabalho conjunto de todos consegue-se dar alento neste oásis para toda a população circundante. Ali ninguém é pobre ou desafortunado, para nós são heróis que caminham connosco!
Por cá também ainda há muito para continuar a fazer, voltámos ao nosso “posto” e a um mês da partida para Portugal não queremos deixar nada por fazer…



P.S.: imagens ilustrativas em breve no nosso facebook pessoal, devido a constrangimentos da largura de banda.

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